20 de novembro: dia de luta contra o racismo, a discriminação e o preconceito

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Hoje, é 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A data foi instituída em 10 de novembro de 2011, por meio da Lei 12.519, para lembrar a morte de Zumbi dos Palmares, último líder do Quilombo dos Palmares, assassinado em 1695.

Neste dia, feriado em inúmeras cidades brasileiras, difícil não refletir sobre o racismo no país, ainda mais diante de tantos casos recentes, como o que ocorreu com um vigilante em Belo Horizonte, que teria sido chamado de "macaco" por um torcedor quando trabalhava numa partida de futebol no estádio do Mineirão.

Casos como esse, infelizmente, ainda são frequentes no país. Mesmo existindo uma lei que define o crime de racismo como inafiançável e imprescritível, poucos são condenados por essa prática, cada vez mais comum nas ruas e nas redes sociais.

Para a secretária de Igualdade Racial da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Mônica Custódio, ainda há muito o que se fazer para acabar com o racismo no país.

"O Brasil foi o último país do Ocidente a abolir a escravidão. Isso ocorreu porque temos uma elite rancorosa, egoísta, que odeia o país e o povo. Por conta disso, vivemos um verdadeiro genocídio da juventude negra, pobre e da periferia".

Violência e discriminação

De acordo com o 13º Anuário de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado, 6.220 pessoas foram mortas em confrontos com a polícia. Dentre elas, 99,3% eram do sexo masculino, 77,9% tinham entre 15 e 29 anos e 75,4% eram negras.

Mas a violência não se expressa apenas com a violência física. O mercado de trabalho continua racista e sexista, mesmo com o número de negros e pardos superando o de brancos nas universidades federais.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, os trabalhadores brancos (média salarial de R$ 2.897,00) ganharam cerca de 75% a mais do que os negros (média salarial de R$ 1.636,00) e pardos (R$ 1.659).

Ainda, segundo o IBGE, 39,8% de mulheres negras e 31,6% dos homens negros trabalham em condições precárias, enquanto que as mulheres brancas 26,9% e os homens brancos, 20,6%.

Em 2018, 14,4% dos desempregados eram negros, 14,1% pardos e 9,5% brancos. Nos cargos de chefia das empresas, poucos eram negros e menos ainda negras.

Dentre os eleitos deputados federais em 2018, apenas 4,09% se identificam como negros e 20,27% como pardos. Isso em uma sociedade composta por cerca de 55% de não brancos.

Mudança

Essa dura realidade começará a mudar quando “as negras e os negros se reconhecerem como sujeitos da história e, com conhecimento sobre os nossos antepassados, assumirem o papel de protagonistas na formação do Brasil”, afirma a secretária de Igualdade Racial da CTB-SP, Lidiane Gomes.

Ela acentua que a educação escolar deve conter e reconhecer a necessidade de também contar a história da classe trabalhadora, como determina a Lei 10.639/03.

"Somente com uma profunda desconstrução da história contada pelos poderosos é que as negras e os negros poderão entender que são parte intrínseca da formação da sociedade brasileira, porque contado de forma tradicional parece que somos meros coadjuvantes da construção do país”, explica Lidiane.

Para a secretária de Políticas Educacionais da CTB, Marilene Betros, também é fundamental ensinar nas escolas a formação do povo e da nação brasileira "para elevar o patamar de identificação e, com isso, aumentar a autoestima da nossa juventude”.

Por fim, Mônica Custódio reforça a necessidade de “uma união muito forte do movimento negro com todos os setores progressistas da sociedade para construir uma plataforma antirracista e em defesa da democracia para recuperarmos o caráter humano de nossa sociedade”.

Fonte: Imprensa do Sindicato, com informações do texto de Marcos Ruy / Portal CTB.

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