CTB divulga resolução política pela preservação da vida, da Nação, da economia e do povo brasileiro

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A Direção Executiva da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), entidade à qual o Sindicato dos Vigilantes de Minas Gerais é filiado, se reuniu na última segunda-feira (30), por meio de videoconferência, para debater a conjuntura nacional e aprovou a seguinte resolução política:

1 - A grave crise sanitária, econômica, social e política exacerbada pela pandemia do coronavírus é o problema central do planeta e do Brasil hoje. Seu enfrentamento requer a mais ampla e sólida união do povo, do movimento sindical, das organizações sociais e das autoridades constituídas, em sintonia com as orientações científicas emanadas da Organização Mundial da Saúde (OMS);

2 - A doença avança com rapidez por todo o globo e igualmente pelo território brasileiro. Na manhã desta segunda-feira, o número de infectados no mundo já tinha ultrapassado 730 mil, com 35 mil mortes. Em nosso país, foram registrados 4.328 casos e 140 mortes. Um relatório da Abin, a que o site The Intercept Brasil teve acesso, estima que até o dia 6 de abril teremos mais de 50 mil infectados e 5.571 mortes provocadas pelo vírus no território nacional;

3 - As consequências econômicas da pandemia já se revelam mais dramáticas do que as da crise de 2008. Fala-se em queda de 5% no PIB mundial e em nosso país já se multiplicam os sinais de que a recessão está a caminho,  notícia com potencial trágico para uma economia que, por culpa da restauração neoliberal, operada desde o golpe de 2016, vinha se arrastando de forma deprimente nos últimos três anos, na sequência da severa recessão de 2015/16, de forma que as últimas estatísticas do IBGE indicavam a existência de mais de 12 milhões de desempregados diretos, acrescidos de cerca de 5 milhões no desalento e quase 40 milhões de informais, quadro que certamente piorou com o advento da pandemia;

4 - É fundamental proteger o emprego e os salários; prorrogar o prazo do seguro-desemprego; garantir uma renda mínima para trabalhadoras e trabalhadores informais e desempregados; auxílio doença emergencial para trabalhadores aposentados em situação de risco; além de assegurar as medidas de segurança, prevenção e proteção às categorias que, executando atividades essenciais, estão excluídas do isolamento; é preciso maior atenção para a vida, saúde e segurança dos agricultores familiares, cujo trabalho deve ser valorizado, pois é responsável por mais de 70% dos alimentos consumidos por nossa sociedade; é essencial preservar a soberania alimentar para garantir o abastecimento;

5 - Em todo o mundo, a crise evidenciou a irracionalidade da ideologia neoliberal, fundada na falácia do Estado mínimo. A solução do problema não virá espontaneamente dos mercados. Passa, necessariamente, por uma forte intervenção do Estado na economia. A resistência do governo e, em particular do Ministério da Fazenda, neste sentido é um dos principais obstáculos a vencer na luta em defesa da vida, da saúde, do emprego, da renda e da própria economia nacional;

6 - É preciso que os ricos ajudem a pagar o ônus da crise. Banqueiros, grandes empresários, rentistas, especuladores e investidores não podem ficar mais uma vez isentos de qualquer contribuição. É urgente instituir o imposto sobre grandes fortunas e o patrimônio, suspender o pagamento da dívida pública, taxar lucros e dividendo e ao mesmo tempo corrigir a tabela do Imposto de Renda das Pessoas Físicas;

7 - A aprovação pelo Congresso Nacional de uma renda mínima de R$ 600,00 para os trabalhadores mais necessitados foi um acontecimento alvissareiro em contraste com a inação do Palácio do Planalto, que quer se aproveitar da crise para aprofundar o retrocesso e o desmonte do Direito do Trabalho, como indica a MP 927, entre outras iniciativas. O auxílio aprovado na Câmara dos Deputados foi, em parte,  fruto da mobilização unitária das centrais. Cabe agora lutar pela sua imediata implementação;

8 - É preciso fazer muito mais, concretizando as propostas defendidas pelas centrais e apresentadas a inúmeras autoridades. Urge revogar a EC 95, que congelou os gastos públicos, e investir pesado no fortalecimento do nosso Sistema Único de Saúde, o SUS. É também urgente a ampliação de medidas de proteção às pequenas e médias empresas; preservar os acordos e convenções coletivas, combater a individualização das negociações trabalhistas e assegurar os poderes e atribuições dos sindicatos; solidariedade e proteção para todos os estados e municípios, sem discriminação ideológica e política;

9 - Em unidade com as demais centrais, a CTB tem participado de reuniões com lideranças do Congresso Nacional; com o presidente do STF, ministro Dias Toffoli; Ministério Público do Trabalho e outras organizações e autoridades, com o objetivo de contribuir no enfrentamento do problema e defender os direitos e interesses da classe trabalhadora brasileira;

10 - Conforme orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), respaldada pela ciência e a comunidade médica, a resposta mais rápida e eficaz para derrotar o vírus, bem como amenizar seus impactos sobre a economia é o isolamento social, resguardadas as atividades essenciais. Com maior ou menor rigor, é esta a política que vem sendo adotada na maioria dos estados por determinação dos governos estaduais e municipais e certamente moderou o ritmo de expansão da pandemia;

11 - Todavia, o presidente da República, Jair Bolsonaro, que devia liderar a operação de guerra nacional contra o coronavírus, vai na contramão da ciência e do bom senso e, de modo irresponsável e temerário, critica o isolamento, classifica a doença como “gripezinha” ou “resfriadinho” e adota a desobediência civil contra as orientações de autoridades estaduais e municipais, contradizendo não só a OMS mas também o próprio Ministério da Saúde;

12 - Com seu comportamento insano, o líder neofascista tenciona abrir caminho à ruptura democrática e à implantação de um regime autoritário, ditatorial, a exemplo do que fizeram os militares em 1964. Ele afronta a Constituição, agride instituições, jornalistas, populares e comete recorrentemente a quebra de decoro. Nestas condições, a luta em defesa da democracia ganha centralidade e demanda a constituição de uma ampla frente política e social contra o atual governo, procurando nela incluir governadores e prefeitos. O movimento sindical deve também adotar uma posição firme contra as propostas de adiamento das eleições municipais;

13 - Embora ainda conte com o apoio de parte da sociedade, sobretudo na burguesia e pequena burguesia, a popularidade de Jair Bolsonaro vem caindo enquanto crescem os protestos contra sua conduta irresponsável. Tendo em vista a orientação de isolamento, o descontentamento está sendo exteriorizado em protestos noturnos através de panelaços, que devem contar com ativo apoio da CTB. É preciso intensificar o combate ideológico e político nas redes sociais, onde a extrema direita é poderosa mas vem perdendo força. Diante da crise política aberta pelo governo, só cabe uma palavra de ordem: FORA BOLSONARO!

Direção Executiva Nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), 30 de março de 2020.

Fonte: Portal CTB.

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