O ataque aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros se intensificou com a pandemia do novo coronavírus. Para o presidente nacional da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo (foto), o momento pede que se intensifique a articulação com a sociedade civil organizada, gestão pública e o Congresso Nacional.
Segundo ele, a redução de salários, da jornada de trabalho e a suspensão de contratos potencializam a precarização que está sendo imposta à classe trabalhadora. “A pandemia inaugurou a era da dissolução dos direitos sociais e trabalhistas e, evidentemente, inaugura a instauração do trabalho análogo à escravidão”, afirma.
Nesta quinta-feira (7) a Câmara dos Deputados vota a Medida Provisória 936, que permite às empresas reduzirem salários, jornada e suspender contratos. A MP está em vigor desde 1º de abril e balanço recente aponta que mais de cinco milhões de trabalhadores tiveram salários reduzidos e a jornada ou contratos suspensos.
O dirigente da CTB lembra que a classe trabalhadora é a que mais sofre com a desigualdade econômica brasileira e a concentração de renda. Na quarta-feira 6, o IBGE publicou dados do ano passado sobre rendimento e mostrou que aumentou a diferença entre aqueles que ganham mais e os que recebem menos no país.
“Não podemos permitir que a lógica liberal prevaleça e exponha ao risco milhões de famílias brasileiras”, reitera Adilson. Na opinião dele, o Brasil pode se tornar um epicentro da pandemia. “Seria uma tragédia muito grande porque temos déficit de tudo: equipamentos, respiradores, álcool em gel, máscaras. Vemos um processo de colapso nos cemitérios e tudo isso nos entristece demais”.
Adilson Araújo também critica postura do presidente da República. “Tem comportamento genocida. É um ponto fora da curva, pressionando para que a economia seja retomada de forma irresponsável”. Ele ressalta que qualquer plano que aponte para uma retomada precisa ter como base “um melhor trato com a vida das pessoas”.
“Para voltar à atividade, é preciso ser testado, máscaras, ambiente higienizado, evitar aglomeração no local de trabalho. Todos são requisitos fundamentais. Não vamos poder voltar para o local de trabalho nas condições que a gente trabalhava no mundo pré-coronavírus. Será uma nova realidade”, avalia Adilson.
Fonte: Portal CTB.